Memórias, sonhos e reflexões #003

Depois de ler que era possível existir vida além da vida, eu passei a procurar muito mais sobre este tipo de assunto. 

As pessoas podem pensar: mas um só livro te convenceu sobre a vida além da vida?

E eu posso responder: sim.

A passagem de Hebreus 9:27, que eu já havia citado no outro post, não apenas me atravessava como um bisturi afiado — reduzia minha alma, calava meu fôlego interior e matava, pouco a pouco, qualquer vontade de seguir adiante.

"E, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo..."

Essa sentença soava para mim como uma condenação sem apelação, um destino imutável que me esmagava mais do que me esclarecia.

 E, depois de ler o livro do Praagh e entender que a morte não era o fim, eu tive um pouco de paz e ânimo para continuar a buscar respostas. Senti compaixão pelos espíritos que ficam presos entre uma dimensão e outra mesmo porque se eu viesse a falecer com as crenças que aprendi, talvez eu mesma pudesse ter sido um, em outro tempo, ou até viria a ser, já que eu também não possuia conhecimento sobre essas coisas. Segundo essa nova visão, a falta de conhecimento é que faz a pessoa viver batendo cabeça e ficar apegada ao material, mesmo que no pós-vida. 

E as minhas muitas questões sem respostas, mescladas às desgraças que me ocorreram foram o prato cheio para meu estado depressivo, mas eu nunca fui de ficar quieta, sofrendo sem questionar. 

Eu bati na porta da psicologia, mas não me encaixei nas propostas apresentadas. Ainda assim, como tinha sido encaminhada à psiquiatria, lá também bati. Fui a dois consultórios e em ambos a solução imediata eram medicamentos tarja preta. Saí de lá querendo ajudar os psiquiatras, pois eles mesmos pareciam muito mais sem rumo do que eu estava. Pecado da húbris? Pode ser, mas nesse fundo de poço, algo me dizia que eu ainda não tinha chegado à minha solução. 

Mesmo assim, continuei lendo os grandes nomes da psicologia, buscando algum fio de compreensão e alívio. Tentei mergulhar em Freud, mas não consegui me conectar com ele — pelo menos, não naquele momento. Acredito que tudo tem sua hora, e a minha com Freud ainda não havia chegado.

Curiosamente, foi ele quem me levou ao seu ex-discípulo, o pupilo rebelde que ousou seguir por outra trilha.

E foi ali que as portas começaram a se abrir. Encontrei um universo de possibilidades — e, mais do que isso, um caminho possível de cura para minhas incertezas e para a sombra silenciosa da depressão que me acompanhava há anos.

O nome dele é Carl Gustav Jung.

Quando li seu livro Memórias, Sonhos, Reflexões, um universo se abriu e, desde então, nunca mais fui a mesma pessoa e a minha sede por entender mais e mais só aumentou...


Memórias, Sonhos, Reflexões é uma obra autobiográfica do psicólogo Carl Gustav Jung, onde ele narra sua trajetória pessoal e profissional, explorando suas experiências, descobertas e pensamentos mais íntimos. O livro revela a profunda jornada interior de Jung, suas memórias de infância, seus sonhos e as reflexões que fundamentaram o desenvolvimento da psicologia analítica. Nele, Jung discute temas como o inconsciente, os arquétipos, a busca pelo sentido da vida e a importância da individuação — o processo de realização do self. A obra é um convite a compreender não só a mente humana, mas também a essência da alma.



E eu não parei por aqui. E não vou parar. 

Nos próximos posts, eu vou contar mais sobre minhas buscas...

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