Matéria e Consciência #0015

 


Já imaginou o Universo como um piano infinito, onde estão todas as notas possíveis, desde os tons mais graves — densos, pesados, profundos — até os mais agudos, etéreos e quase inaudíveis? 

Agora pense que os teus sentidos físicos só conseguem ouvir a oitava mais baixa. É como viver dentro de uma única tecla, acreditando que o mundo inteiro se resume àquele som, àquela vibração.

Mas e se alguém te dissesse que há música acontecendo em oitavas que você ainda não escuta?

O plano físico — aquilo que chamamos de “realidade” — é só a oitava mais grave desse grande teclado cósmico. Tudo que vemos, tocamos, cheiramos ou sentimos é energia vibrando em baixa frequência, cuidadosamente moldada por inteligências criadoras para parecer sólida.

Quando pegamos uma pedra, uma folha ou encostamos numa árvore, o que estamos realmente fazendo é tocando energia viva, organizada, dançando dentro de uma matriz invisível. Não tocamos uma “coisa”. Interagimos com um campo de consciência.

Mas há mais.

Lá nas oitavas superiores, partes nossas continuam existindo — plenas, ativas, despertas. Elas criam, sonham, intuem, sussurram ao teu coração ideias que parecem vir “do nada”. Quando dormimos, é com elas que encontramos. E o que chamamos de sonho? É só a bagunça da festa vista depois do fim. O rastro da passagem. A memória turva de uma realidade muito mais rica do que nossa mente acordada consegue conter.

E a matéria? Não é um acidente. Não é acaso.

Ela nasce quando unidades de energia consciente — sim, consciente — são organizadas em padrões específicos por seres cuja função é criar realidade. Essa energia vibra em oitavas altíssimas, depois vai descendo, se condensando, até se tornar o que chamamos de partículas subatômicas: elétrons, prótons, nêutrons. Eles se juntam, formam átomos. Os átomos, moléculas. As moléculas, formas. E todas essas formas seguem uma matriz inteligente, como um software cósmico: a espiral de um cristal, a estrutura de uma flor, o código de uma célula.

Até o DNA — aquele que pulsa no coração de cada célula — não é só um manual genético. Ele é uma biblioteca viva, onde estão registrados não apenas nossa história atual, mas também as experiências de todas as nossas encarnações, e os aprendizados da própria humanidade.



Por isso uma árvore sabe crescer...

Porque existe um ser de energia — um espírito da árvore — que mantém a matriz daquela forma viva. Quando olhas para ela, vês madeira e folhas. Mas o que teus olhos realmente captam é energia pura, organizada com maestria, vibrando num desenho consciente. O teu cérebro, programado para operar na oitava mais baixa, traduz essa energia como “árvore”.

Se um carpinteiro transforma essa árvore numa cadeira, o que acontece não é destruição — é transmutação. A matriz muda, e a energia consciente que antes sustentava uma árvore agora sustenta uma cadeira. Se ela for queimada, tudo se reorganiza: o carbono, o oxigênio, o calor. A festa muda, mas não acaba.

Nada se perde. Tudo se transforma.

"A matéria é apenas a face mais densa da consciência — e a consciência nunca dorme.

Ela guarda tudo: gestos, memórias, intenções, histórias. Ela se lembra de nós, mesmo quando nós esquecemos quem somos.

Segundo tradições espirituais ancestrais e insights modernos da física quântica, não somos apenas corpos separados no espaço-tempo. Somos projeções de algo maior, reflexos de uma totalidade invisível.

Um holograma da Consciência Superior.

Assim como em um holograma cada parte contém o todo, em cada um de nós vibra a essência do Universo inteiro — a centelha do divino, o código da criação, a sabedoria da própria vida.

Nada está realmente perdido. O que chamamos de esquecimento é apenas um véu temporário sobre o infinito que já habita em nós.

Por que esquecemos?

Esquecemos porque o véu do esquecimento é parte do jogo da existência.

Encarnamos nesta realidade densa, onde o tempo escorre e a matéria pesa, para experimentar a separação — e então, redescobrir a unidade por escolha própria.

Se viéssemos já lembrando tudo, não haveria busca.

E sem busca, não haveria transformação.

Esquecemos para que a lembrança seja real, e não apenas dada.

Porque há algo sagrado em reconhecer a luz no meio da escuridão.

É no esquecimento que nasce o livre-arbítrio.

E no livre-arbítrio, a possibilidade do amor consciente.

Esquecemos para viver com autenticidade cada passo, cada dor, cada alegria, como se fosse a primeira vez — mesmo que, no fundo, já saibamos.

Porque a alma não está aqui apenas para saber.

Ela está aqui para sentir, escolher, encarnar, crescer.

Esquecer é cair no sono da matéria.

Lembrar… é despertar.


E como nos lembrar de quem somos?

Nos lembramos de quem somos quando silenciamos o barulho do mundo e escutamos a voz que não fala com palavras.

É no intervalo entre um pensamento e outro, naquele breve instante de presença pura, que a memória da alma começa a emergir.

Nos lembramos de quem somos quando algo toca o coração de forma inexplicável — uma música, uma paisagem, um olhar. Nesses momentos, há um reconhecimento sutil: “eu já conheço isso”. Não com a mente, mas com o ser.

Nos lembramos quando sofremos, e o sofrimento nos quebra… mas também nos abre.

Pois às vezes é preciso se despedaçar para descobrir o que nunca pode ser quebrado.

Nos lembramos quando amamos, porque o amor é a linguagem original da consciência. Ele dissolve as fronteiras do ego e nos conecta com tudo.

Nos lembramos quando paramos de procurar fora e voltamos os olhos para dentro.

Lá, no centro do ser, não há currículo, nome, nem rótulo. Só presença. Só essência.

E, acima de tudo, nos lembramos quando paramos de tentar lembrar e simplesmente nos permitimos ser.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ao início de tudo, um olá! #001

Cá entre nós... #002

Em busca de nós mesmos #004