O mito de Hera / Juno #0093

Hera - Museu do Vaticano
por Giuliana Fuganti, 24/set/2024
Hera nasceu da união dos titãs Cronos e Reia

Como seus irmãos, foi engolida por seu pai, temeroso de ser destronado. 

Quando Zeus libertou os irmãos aprisionados, Hera renasceu para ocupar um dos lugares mais altos entre os deuses do Olimpo.

E Zeus se apaixonou perdidamente por ela. 

Para conquistá-la, tomou a forma de um cuco e fingiu estar ferido pelo frio. Hera, movida pela compaixão, acolheu o pequeno pássaro contra o peito. Nesse instante, Zeus revelou sua verdadeira forma e pediu que ela fosse sua esposa. Assim, Hera se tornou rainha do Olimpo e deusa do matrimônio.


Mas o casamento foi muito turbulento. 

Zeus não era fiel, e cada traição fazia crescer em Hera a chama do ciúme. Ela passou a perseguir não apenas as amantes do marido, mas também os filhos que nasciam dessas uniões. 

Foi assim com Ío, a sacerdotisa transformada em vaca e condenada a vagar pela terra. Foi assim com Sêmele, enganada por Hera até pedir a Zeus que se mostrasse em sua forma divina — pedido que a levou à morte. Foi assim também com Leto, que só pôde dar à luz Apolo e Ártemis na ilha errante de Delos, pois Hera proibira que ela encontrasse abrigo em qualquer terra firme. Até mesmo a ninfa Eco sofreu sua ira, condenada a apenas repetir as palavras alheias.

Hera também esteve no centro da disputa que acendeu a Guerra de Troia. 

Quando a deusa Éris lançou a maçã dourada com a inscrição “À MAIS BELA”, Hera, Atena e Afrodite se apresentaram como candidatas. No julgamento de Páris, Hera lhe ofereceu poder absoluto sobre todos os homens, mas ele escolheu Afrodite, que prometera o amor de Helena. Da escolha de Páris, nasceram dez anos de guerra.

Entretanto, nenhum ódio de Hera foi tão duradouro quanto o que sentia por Héracles, o filho mais famoso de Zeus com uma mortal. Ainda no berço, o bebê enfrentou duas serpentes enviadas por Hera e as esmagou com as próprias mãos. Mais tarde, a deusa o enlouqueceu, fazendo-o matar a própria família. Como penitência, Héracles teve de cumprir os Doze Trabalhos, e Hera não perdeu a chance de atormentá-lo em cada um deles.

Mas, ao fim da vida do herói, quando ele ascendeu ao Olimpo como imortal, Hera o aceitou. 


A reconciliação foi selada com o casamento de Héracles com Hebe, filha da própria deusa. 



Apesar de sua face vingativa, Hera era honrada em toda a Grécia. 

Em Argos, Samos e muitas outras cidades, erguia-se templos em sua homenagem. Para os mortais, ela era a protetora do matrimônio, das esposas e da família, guardiã da ordem no lar e símbolo da fidelidade. 

Assim, a história de Hera é feita de luz e sombra: rainha do Olimpo, senhora do casamento, mas também a deusa cujo ciúme moldou destinos e deixou marcas profundas na mitologia grega. 

Assim é Hera: Rainha, que brilha ao lado de Zeus; Esposa ferida, cujo ciúme gera vinganças; Protetora, que vela pelo casamento e pela família.

Um mito de poder e emoção, onde a grandeza e a fragilidade humanas se refletem no espelho dos deuses.

Os romanos, quando assimilaram a mitologia grega, adotaram muitos deuses e heróis, mudando seus nomes: Zeus → Júpiter ; Afrodite → Vênus Ares → Marte ; Héracles → Hércules

E com uma deusa desse calibre não teria sido diferente. 

Hera foi adaptada para ser Juno, com as mesmas características: rainha dos deuses e protetora do matrimônio e das mulheres casadas. 

Acrescentarem-lhe características específicas ligadas à fertilidade e também à proteção do Estado e da cidade de Roma

Portanto, Hera grega, agora chamada de Juno, para além da esfera doméstica, ganha cultos e o simbolismos ligados às dimensões políticas e cívicas.









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